terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Meus pets

 


Sempre gostei de animais. Criança, tive uma cadelinha preta semilinguiça, semivira-latas. Chamava-se Rosita. Viveu até os meus dez anos, mais ou menos. Depois tive um pastor alemão que recebeu o nome de Kojak, por causa do personagem da televisão. Era um monstro de forte, brincalhão e uivava quando tocava o sino da igreja. Como morávamos em uma casa de pátio grande, alternávamos momentos em que prendíamos o Kojak com outros que o deixávamos solto.

Apesar de ser um animal grande e nosso muro não ser muito alto, cerca de um metro e meio, o Kojak não conseguia pular o cercado. No máximo, jogava metade do peito para cima do muro. E isso já era suficiente para impor respeito e motivar que as crianças da vizinhança desistissem da ideia de subir no pé de nespereira (aquela ameixa amarela) para pegar os doces frutos da árvore. Lindo de se ver, mas não de ser a vítima, era quando o cachorro surgia do nada e latia no ouvido da pessoa que passava em frente de casa. O sujeito só parava de correr na esquina devido ao susto que levava.

Como era um terreno grande, haviam duas casas ali. Morávamos na da frente e meu tio, irmão do pai, na de trás. Meu tio tinha motocicleta e chegava em casa à noite, perto das 22h. Quando o cachorro estava solto, o portão ficava preso, o que dificultava a entrada da moto, pois o tio tinha que desatar o cadeado para depois adentrar com sua máquina, ao mesmo tempo que precisa cuidar para o cão não sair para a rua. Certa noite, tivemos que apaziguá-lo, pois queria matar o Kojak. O tio havia comprado dois cachorros-quentes e, para conseguir colocar a moto para dentro, deixou-os em cima do muro. O Kojak viu a oportunidade e consumiu os lanches que meus tios teriam naquela noite.

Fiquei anos sem cachorros, pois vivi quase 20 anos em apartamentos. Mas tive canarinhos e até um papagaio. Depois que me casei, tive que adquirir um cachorro para ajudar na recuperação da minha filha, que tinha alergia. A pediatra dela que recomendou, pois assim ela teria alguém para cuidar, brincar e se preocupar. Isso deveria melhorar a condição dela. Adquirimos um dachshund, o famoso linguicinha. O Frediano, nome que minha filha deu para ele, era preto e caramelo. Era muito brincalhão, esperto e preguiçoso. Bastava ver uma coberta que logo queria se enfiar embaixo. Tinha uma caminha fofa que ficava na sala, mas bastava eu me deitar que corria para a cama da minha filha para dormir com ela.

Todos os dias eu levava o Fred de carro para buscar minha filha na escola. O cachorro ia no banco da frente mordendo o ar e latindo para todos demais cães que via na rua. No colégio dela, Fred esperava o comando: “Chama a Luana, Fred”. E o cachorro começa a latir até ela aparecer no portão. Quando eu chegava em casa do trabalho, olhava para ele e perguntava: “Vamos passear?”. E o cachorro começava a latir, se dirigindo para a porta. Às vezes, para que o cachorro não percebesse, minha esposa perguntava, em inglês, se eu já tinha o levado para passear, pois se falasse “rua”, “passear” ou “já levou?”, o Fred entendia e ia para a porta e começava a latir.

Pouco antes de o Fred morrer atropelado, minha esposa adotou uma cadela sem raça que chamamos de Preta. Logo depois, minha filha adotou uma gata tricolor que recebeu o nome de Phoebe, em homenagem à personagem da série Friends. Quando a Luana saiu de casa, ficamos sem gata, pois ela levou a Phoebe. Sentindo certa tristeza no olhar da Patrícia, procurei outro filhote de gato abandonado e adotei uma tigrada. Quando cheguei em casa com a bichana, ela perguntou-me o nome: “Jadice”. “Não disse, não”, comentou ela. Repeti: “Jadice”. “Não disse”, já embrabecendo. Quando ela entendeu a brincadeira, renomeou a gatinha com o nome de Margot. Já faz um ano que ela anima a nossa casa junto com a Preta.

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